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Mostrando postagens de junho, 2020

Vide bula

Das coincidências de uma tarde no Pronto Socorro: A enfermeira chama o senhor Sebastião. Um senhor e um rapaz, parecendo seu filho, se manifestam. Uma outra moça se levanta e diz que Sebastião é o pai dela.  A enfermeira, séria e com humor, pede para que eles não briguem pelo Sebastião. E qual o sobrenome? Sebastião Martins. Sorrisos. Ambos são Martins.  Risos ecoam naquela sala de medicação, em que entra paciente, sai paciente, recebem medicação na veia: soro, Tramal, Bromoprida. A ambiguidade se desfaz pelo terceiro nome. E aí, pai e filho entendem o porquê de não terem sido eles na primeira vez que ouviram o nome na sala de espera. Há dor de cabeça, no estômago, nas costas, dos nervos e do coração. Macas, cadeiras, acompanhantes à espera. Um outro senhor com cara e aspecto jovial também está na sala e reconhece um dos Sebastião. Se olham e se reconhecem. Foram criados juntos em um bairro ali da cidade. Sebastião já havia reconhecido o outro há um tempo. O outro

Não, falar não é fácil!

Cresci ouvindo, em situações diversas, que “falar é fácil, fazer que é difícil”. E, por muito tempo, nem questionei isso. Mas o próprio ato de não refletir sobre isso já marca uma eficiência desse discurso de falar versus fazer. “Já que não posso fazer, não vou nem falar.”  E isso se repete, se repete... Quando (nem) nos damos conta, estamos falando para não falar e já não falamos mais de nada, nem de nós, nem de... Desaparecemos em meio aos pré-julgamentos ( de quem?! ) porque não dá para falar, porque não posso falar, porque não é legítima a minha fala. Falar o que mesmo?! Resolvi, então, elencar alguns motivos pelos quais falar não é fácil. E, digo, falar em primeira pessoa é mais difícil ainda! Quantas vezes ouvimos em alguma aula de redação que não podíamos escrever em primeira pessoa? “Ah! Não posso escrever em primeira pessoa!” Não eu . Continuo: falar é difícil porque me posiciono, porque me mostro vulnerável, porque posso entrar num combate ao invés de debate, porque