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Mostrando postagens de julho, 2020

Letras e ilustras

Em 2019, fui convidada a participar de um projeto sobre poesia e feminino.  E o que seria o traço ou a escrita de um feminino? Nos experimentos, alguns cacos, alguns voos alçados e o papel ganhando texturas e letras.  Compartilho aqui dois poemas meus que ganharam os contornos de Gustavo R. Dias (Bezerro de Ouro). Na proposta, Mariana Magno também colabora com alguns textos. 

Destino

Eu sou aquela coruja salva depois de um ataque olhos esbugalhados, um deles para fora. Pega por um moço que me levou a quem soubesse me tratar. Eu sou essa coruja cuidada por um, por outro e outro Que pensei que pudesse levantar voo e que no menor desaviso paralisei no ar. Eu sou a coruja que o gavião veio e pegou. Do destino não se voa. Para Gustavo. Depois de várias histórias animalescas... coruja, maritaca, borboleta, periquito, gavião, gato, rato.

Corredor

 Ela encontrou uma barata no sapato. Escândalo. Adolescente. Havia quem matasse o inseto. O pai. Sem a repreender, matou... limpou o chão. Deu fim àquele bicho.    Ela encontrou a barata na cozinha, depois na sala, no quarto, um dia até passou por um corredor de baratas mortas, semivivas, vivas. Não se importava mais.     Ali, ela sabia que não teria a quem gritar.

Crescendo

Ele (6 a.), na hora de dormir, depois de um longo silêncio, pergunta:  tia, vida é uma coisa séria?   ... ... [ela respira] 27/10/15  Brincando