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A empada e a lâmpada que não era do Aladim


Naquele natal não montara a árvore de natal: na véspera pegou apenas um enfeitizinho amarelado para não passar só em branco.
As compras foram feitas, presentinhos para os próximos, de uma forma a retribuir naturalmente o que ganharia com um sorriso de que já sabia bem como funcionavam os scripts.
Naquela tarde, aliás como já em outras, não havia compromissos formais. Era a época dos encontros e reencontros sociais e confraternizações coletivas.
Certo. Um copo de cerveja. Desce bem, gelada. Movimentos de gente subindo e descendo. Vários ois, um e outro abraço. Sorriso.
Percebe-se que estava em jejum. E sabe que se assim permanecer, logo mais, estará vomitando e dormindo, o que estragará a noite de alguém que conta com sua presença, pelo menos.
Pede-se uma empada de... palmito (poderia ser de qualquer coisa, escolheu mais por opção de não se lembrar de ter já pedido alguma vez esse recheio).
Do jeito que se serve,  a gente vê como comer. Se tem garfo e faca, então já se define naturalmente.
Primeiro pedaço.
Quando olho no buraco que se abre em meio à empada, vejo algo brilhante transparente. Um plástico? Sim. Em detalhes: uma lâmpada de pisca-pisca de natal transparente no meio do recheio da empada de palmito.
Uma pegadinha? Não, não vivo numa cidade de emissoras que vão trabalhar durante o natal para pegadinhas em ruas.
Garçonete?
...
ahahahahah
Quatro homens amigos na mesa:
1 Nossa! Que absurdo! haha
2 Isso é falta de uma vigilância decente!
3 Estão te testando! Tenha paciência!
4 Por que você não esfregou como o Aladim? (esse tem 10 anos)

E eu: um silêncio, um mal estar de que é melhor não pensar em: e se eu tivesse engolido? e se fosse uma criança?
Menos, querida!
Tudo bem.
Um sinal temático então: luzinha de pisca-pisca só pode ser de Natal.
Ah sim! Claro! Como não?!
Véspera de Natal.

Tempo de lembrar e conversar com quem se conviveu e dividiu momentos bons naqueles meses anteriores. O desejo de sentimentos bons. O dar e o receber numa linha tênue.

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Outras notas

Barbari(e)dade

     Na antiguidade, bárbaros eram os povos que não falavam a mesma língua dominante. O estrangeiro, o outro. Depois vemos esse sentido circular em torno daquele que não é civilizado, rude. Em tempos de pandemia, talvez retornemos a esse lugar: não estamos falando a mesma língua. Quase uma média de 1000 mortos por dia no Brasil em decorrência do Coronavírus e os discursos negacionistas circulando em plenitude. Circulando mesmo pelos corpos. Gente na praia, nos bares.      Uma barbaridade. O vírus pode realmente afetar tanto quem é jovem, com histórico de atleta, quanto pessoas com alguma comorbidade. Ou seja, podemos todos ser afetados por ele, o invisível e inaudível. No entanto, é fato também que o acesso e as formas de tratamento não são definitivamente os mesmos. Li relatos de pessoas que foram transferidas de helicópteros (com unidade móvel de UTI) do Nordeste para os melhores hospitais de São Paulo. Ouvi relatos de gente que pôde se isolar em casa de campo, para que não afetas